quarta-feira, abril 4

Tristeza e depressão pós-parto


Adorei o artigo do prof. Mário Cordeiro, na Pais & Filhos de Abril, sobre depressão pós-parto. Além de recomendar vivamente a sua leitura, ficou-me a vontade de escrever e conversar sobre o assunto.


A tristeza e o choro são, de facto, dos sentimentos mais incómodos e menos desejados, principalmente naquelas alturas da vida em que é suposto estarmos felizes e contentes. Mas só quem vive completamente distanciado das suas emoções é que não entende que não há momentos apenas bons nem momentos apenas maus. Aliás, os chamados momentos de transição, no ciclo de vida, estão estudados por muitos teóricos do desenvolvimento como momentos de altos níveis de stress, em que ocorrem mudanças radicais, quer a nível dos papéis sociais, quer a nível emocional, mudanças que abanam as estruturas individuais e que são capazes de provocar terramotos, exigindo de cada indivíduo um esforço grande de adaptação. Ora o nascimento do primeiro filho está incluído nestes momentos.


Todas nós, as que já passámos por isso, sabemos bem como as emoções ficam à flor da pele, como nos sentimos especialmente fragilizadas, tanto física como emocionalmente, como podemos desatar a chorar logo a seguir a estarmos a rir. E não vale a pena pensarmos que é um disparate estarmos tristes, quando devíamos era estar alegres e felizes, porque o nosso coração é bem mais inteligente do que às vezes a nossa cabeça consegue ser. Ter vontade de chorar é perfeitamente normal, sim. Chorar a seguir a acontecimentos que noutras circunstâncias não provocariam o choro também. E os ataques de tristeza incontroláveis que nos envergonham se estamos com outras pessoas, não deviam envergonhar-nos.


Não é só a gravidez que acaba, quando o bebé nasce. Ou melhor, é a gravidez, e tudo o que ela representa. A gravidez é uma ilusão, uma morada de sonho, de onde vamos lançando pontes de contacto entre nós e o bebé. O bebé da gravidez é o bebé sonhado e fantasiado, o bebé que se espera, o bebé que se anseia, o bebé a quem não se conhece o rosto nem o choro nem os olhos. É o bebé imaginário. E é neste imaginário, neste reino fantástico do que ainda não aconteceu (e por isso o que pode ser tudo) que habita a gravidez.


O nascimento do bebé traz vários lutos: o da barriga (da presença física de algo que é nosso, que faz parte de nós, do nosso corpo), do bebé imaginado (por mais perfeito e desejado que seja o nosso filho, não é nunca o bebé que imaginámos. Esta distinção é mais fácil de entender nos casos em que o bebé sofre de alguma anomalia, mas mesmo quando não é o caso, existe sempre), da gravidez e de tudo o que ela representa (a sensação de estar grávida, de transportar a vida, de estar cheia, o estatudo de grávida e todos os mimos de que as grávidas são alvo, que de repente passam para o bebé - no fundo durante a gravidez há uma confusão de identidades entre a mãe e o bebé - a mãe transporta o bebé e o bebé faz parte dela, é ela, está no corpo dela).


E claro que depois de o bebé nascer a questão da identidade ainda se complica mais, ou melhor, manifesta-se em força: na verdade, não foi só um bebé que nasceu, foi também uma mãe (e um pai, claro, mas estamos só a tratar da questão materna, a questão paterna fica para outro post! :P) Ora o nascimento da mãe não é tarefa fácil. A identidade da pessoa sofre uma transformação profunda. Já não somos o que éramos, nunca mais seremos o que éramos antes deles nascerem (e isso é outro luto que temos de fazer: o da pessoa que éramos antes de ser mães). Mas também ainda não sabemos quem somos nem no que nos estamos a tornar, estamos perdidas, baralhadas, confusas, principalmente se se trata do primeiro filho. Temos medo, temos receio, de tudo, de não sermos capazes, de falhar, de não aguentar, sei lá! No fundo é como quando estamos perante algo desconhecido, em qualquer etapa da vida.


Com isto tudo, fica difícil é não encontrar motivos para chorar ;)


Logicamente que aqui, como em tudo, há episódios de tristeza perfeitamente normal, mas também há estados depressivos que se podem impor de forma mais ou menos sistemática e que podem exigir a intervenção de um profissional. Mas mesmo nesses casos não devemos fugir ao que sentimos. E se procurarmos ajuda encontraremos oportunidade de falar de todos estes medos e angústias, e de explorar toda esta problemática e as dificuldades que estamos a sentir, o que, com toda a certeza, nos vai aliviar o fardo. A pior coisa que se pode fazer é fazer disto um bicho de sete cabeças, não procurar ajuda, esconder as lágrimas a todo o custo e secar os olhos à pressa quando alguém se aproxima.


Não tenham medo de chorar, mamãs: é o melhor remédio conhecido para a tristeza. E se alguém vos disser que tristeza não combina com a felicidade de ter um filho, não lhe dêem ouvidos. Dêem ouvidos ao vosso coração.

sábado, dezembro 23

quinta-feira, dezembro 7

A opinião da Ana

Partilhando inteiramente a tua opinião, Papu, esta é a minha por outras palavras.
O tema aborto é demasiado complexo para poder ser decidido num sim ou num não linear. Pessoalmente não sei definir-me como estando contra ou a favor porque existem demasiados factores, demasiadas variáveis em jogo. Não quero, nem posso hastear uma bandeira com a minha pinião rígida e imutável porque, como em quase tudo o resto na vida, cada caso é um caso.
Não quero com isto dizer que cada um sabe de si porque me parece que aqui há e tem de haver uma responsabilidade que vá um pouco mais além da individual, mas as generalizações sempre me fizeram imensa confusão. Portanto, dizer “não ao aborto” ou “sim ao aborto” seria reduzir um assunto complexo a uma questão de cruzinhas.
O cerne da questão passa pela defesa da vida humana. É neste ponto que eu concordo inteiramente. A vida humana defende-se com dignidade, sem sofrimento para lá da medida do aceitável. Este sofrimento pode ser físico ou psicológico sem que um desvalorize o outro e este é outro ponto fulcral. Juntem-se os dois e teremos algo como: defender a vida humana com a dignidade física e psicológica com que ela merece ser defendida. Um monte de células ainda não é vida humana, nascer com uma deficiência congénita atroz que nos atira para o mundo não é vida humana, nascer sem se ser desejado, sem perspectivas de se ser amado, querido e aconchegado num colo não é, de todo, vida humana.
Todos nós por aqui sabemos a importância que tem o calor do corpo da mãe nos primeiros tempos de vida do bebé, todos nós aqui sabemos o quanto é estruturador e fundamental – absolutamente fundamental – sentirmo-nos amadas e queridos. Eu tenho 24 anos e preciso de me sentir amada e querida, a minha avó vai fazer 80 e basta que eu lhe telefone ao fim de uma semana em que não a pude ver para ela ficar feliz! Podemos estar doentes e fragilizados, num hospital, num lar, onde for, se tivermos carinho e amor as coisas melhoram.
O sentimento de pertença a alguém e a sensação de se ser desejado são terrivelmente vitais no início da vida do bebé. Sou, portanto, a favor do aborto nos casos em que nitidamente não existe desejo nem vontade por parte dos pais de terem a criança, nos casos em que não é possível, pelos mais variados motivos, amar-se um bebé, um filho.
Há momentos em que penso que a profissão que escolhi é ainda completamente ingrata. É nestas alturas, em que se debatem temas controversos, mas onde parece que ninguém vê o que é evidente e tão, mas tão simples. Os psicólogos trabalham no sentido de ajudar a curar males que não se tocam, não se palpam mas que destroem a vida de uma forma tão dolorosa quanto um cancro. Não amar um filho é diagnosticar-lhe um cancro para a vida. Não estou a julgar quem não ama, estou a julgar quem não vê que isso é tão grave quando uma malformação. Incluem-se na legalização os casos de violação e no fundo, a questão que ninguém vê, está lá escarrapachada. Nos casos de violação não houve amor no momento da concepção. Nos casos em que há abortos porque as mães não desejam os filhos, não há desculpas mas sim julgamentos em tribunal. E onde se calhar até fazia sentido uma generalização por parte de quem governa e decide há uma barreira.
Depois há a questão prática de que mesmo ilegais, os abortos são feitos. Aqui no Porto toda a gente sabe onde e quando e como e então entramos pelo caminho da estupidez pegada. E damos oportunidade às pessoas com menos acesso à informação e com menos meios económicos para fazerem a si próprias as maiores barbaridades. Sou a favor do aborto, sim, quando ele for suportado por meios clínicos essenciais como sejam o apoio e o exame psicológico prévio, por exemplo. Às vezes basta ouvirmos a palavra de outra pessoa para que os problemas fiquem mais claros na nossa cabeça. Sou contra o aborto quando ele é feito às três pancadas, quando ele é praticado com a mesma leveza de quem tira a farpa de um dedo.
Sem julgamentos, barreiras ou generalizações inadequadas, sou a favor do aborto quando ele é respeitador da tal vida humana. Da do bebé que há-de vir e da da mãe. Da do pai, também, por que não. Se ele tiver uma palavra a dizer! Mais do que o acto em si, gostaria de ver, um dia, o suporte adequado a quem o faz, a quem precisa de o fazer a quem tem, no fundo e talvez de uma forma um pouco retorcida, a responsabilidade de decidir entre trazer ao mundo um ser humano cuja vida vai ser apenas uma sobrevivência ou desintegrar um conjunto de células eventualmente já estruturadas que apenas existem e estão em processo de desenvolvimento na sua origem.
Cabe a cada uma de nós, a cada um de nós decidir, acima de tudo, se ama o que carrega, se o cordão umbilical é mais do que um meio de transporte ou um elo físico de ligação, cabe a quem compete pensar no amor como fonte da vida sem romantismos, cabe a quem cuida, médicos, psicólogos, enfermeiros, abrirem portas à ideia de que a mente é indissociável do corpo e sem os dois não há vida, há sobrevida, há uma tentativa desesperada de se manter à superfície sem ser capaz de respirar.
Haverá, com toda a certeza, muito mais a explorar sobre este assunto, muito mais a dizer, muitos pontos que não foquei aqui porque esta discussão é tão interminável quando a especificidade de cada um de nós. É apenas um resumo da minha opinião, escrito mais como um desabafo do que com a intenção de ser um texto coerente.
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Obrigada!

terça-feira, dezembro 5

E finalmente, a polémica - o aborto

Este tema mexe tanto comigo... nem sei por onde começar. Em primeiro lugar acho que ninguém é a favor do aborto. A questão não pode passar por se ser a favor ou contra. Nenhuma mulher (e todas as mulheres o sabem) toma esta decisão de ânimo leve. E por isso acho um disparate o argumento de que o aborto pode tornar-se um método de contracepção. Nunca o será.

Eu acho que não era capaz de abortar. E digo isto porque nunca o fiz. Mas isto sou eu. O meu primeiro impulso é achar que não seria capaz de o fazer, que não quereria fazê-lo, mas sei perfeitamente que sim, que o faria, se me visse numa situação sem alternativa.

Mas esta questão não pode ser discutida partindo destes pontos de vista pessoais e apaixonados. Temos de ser capazes de nos descentrar do nosso umbiguismo. O que me motiva a mim, na minha situação actual e real, não é o mesmo que motiva o vizinho do lado. Compreendo e sou completamente solidária com as mulheres que abortam. Acho que a lei do nosso país é um exemplo do seu monumental atraso em tantas vertentes. Acho uma vergonha ainda serem julgadas no tribunal mulheres que abortaram.

A questão do aborto para mim é essencial, porque mexe com a nossa qualidade humana, com a essência da vida. E a vida, contrariamente ao que muitos pensam, não começa com um aglomerado de células. A vida humana é muito mais do que isso, muito mais do que um corpo a funcionar. Viver não é o mesmo que sobreviver. Há muito tempo já que a nossa espécie deixou de estar apenas ao serviço da sobrevivência pura e dura. O que nos motiva, o que nos faz sentir estar vivos, o que nos anima e nos dá vida é muito mais do que a simples produção do conjunto das nossas células vivas.

E, acerca disto, relembro novamente as palavras de Coimbra de Matos, que deixei mais abaixo:

"A vida mental do bebé é despertada e animada pelo desejo entusiástico, a paixão dos pais. Se não existir este investimento parental, a mente do bebé não se desenvolve - fica reduzida a uma protomente. O próprio investimento de vida esmorece; é uma sobrevivência apática e abúlica.

Não tendo recebido amor, o indivíduo não vive a experiência fundamental de ser amado. Experiência fundamental e fundadora; sem ela, não há o movimento de expansão a que chamamos mente - a criação contínua. Deveras, ter mente é criar."

(António Coimbra de Matos, Depressividade e Depressão Falhada, publicado em Mais Amor Menos Doença, Climepsi Editores, 2003)

São já sobejamente conhecidas as consequências nefastas para o feto de certos agentes externos, denominados teratogénicos, e que podem comprometer o seu desenvolvimento, tanto no sentido da morte como no da diminuição da qualidade de vida, associada a determinadas deficiências. Tanto, que muitos dos mais arreigados defensores "Pró-Vida" aceitam que o aborto seja praticado nas primeiras semanas, se for comprovado que o feto sofre de alguma mal-formação congénita. Mas há muitos poucos estudos que demonstrem as terríveis consequências para a futura saúde mental do bebé do facto de se nascer sem se ser desejado. O que, quanto a mim, é uma pedra fundamental da questão.

Vivemos num mundo ainda muito ligado ao materialismo, ao que é palpável, ao que se vê - o que não se vê é muitas vezes relegado para segundo plano ou mesmo ignorado. Ter trissomia 21 ou sofrer de outra qualquer mal-formação cromossómica é uma razão legalmente aceite para um aborto no nosso país, mas sofrer de falta de amor e desejo dos pais não é. Tavez porque a esfera do sofrimento psíquico não seja visível a olho nú, e as sequelas da alma ainda não sejam encaradas pela comunidade, científica e não científica, com a mesma seriedade que as do corpo. Sabemos que a comunidade científica ligada ao tratamento e acompanhamento destes casos - os psi - há muito tempo que lidam com esta realidade, há muito tempo que a estudam e que lhe reivindicaram um estatuto cientificamente válido, mas a verdade é que essa mesma fatia da comunidade científica ainda não tem força nem poder social e interventivo para, num debate deste tipo, como o é o do aborto, conseguir que a perspectiva unificadora da mente e do corpo seja de facto reconhecida e influencie decisivamente a conceptualização ideológica que rege e determina o poder e a orientação política da sociedade.

Por outras palavras, ainda vivemos na idade média conceptual da dicotomia corpo-mente, em que o primeiro é reconhecidamente o reservatório de todo o sofrimento e mal estar associado à doença e à disfunção. As mal-formações ligadas ao corpo, ao soma, são socialmente reconhecidas como razões válidas para que uma criança não nasça, devido ao sofrimento futuro e à diminuição da qualidade de vida que comportam. Já as mal-formações causadas por estados emocionais e factores afectivos são completamente ignoradas. Não se desejar um filho não é um argumento reconhecido para abortar, é antes encarado como um sinal inequívoco de prevaricação materna, num juízo de valor completamente moralista, como se, pelo facto de se ter relações sexuais, fosse automaticamente obrigatório estar preparada para a maternidade.

Quando a maternidade for uma opção tomada em consciência, talvez tenhamos um mundo melhor. Quando o amor e o respeito pela vida humana forem valores mais altos, talvez o mundo realmente avance. E agora estou a ver uns sorrisinhos irónicos na cara dos que dizem defender a vida opondo-se ao aborto... Sim, é a vida humana que eu defendo! Não, não acho que um conjunto de células se possa chamar de vida humana. E que vida vamos oferecer a esse conjunto de células quando se tornar numa pessoa? É claro que não podemos prever o futuro, mas o facto de não se ser desejado é um factor de risco demasiado relevante. Que, quando conjugado com outros, como a falta de disponibilidade económica, ausência de projectos para o futuro, imaturidade emocional dos pais, isto para dar apenas alguns exemplos, pode ter um resultado explosivo.

E depois acho que os Pró-Vida andam um bocado confundidos das ideias. Porque, ou bem que defendem a vida, e então deveriam defendê-la sempre, ou bem que a não defendem. A vida é um valor demasiado precioso para só se defender às vezes. Será que o filho de uma violação tem menos direito à vida do que outro? Ou um bebé com deficiência cromossómica ou com qualquer tipo de mal-formação? Se é a vida que defendem, e entendendo que a vida começa na concepção, então tenham a coragem de defendê-la em todas as circunstâncias. Sejam coerentes com as vossas ideias.

Mas ainda que eu me identificasse com estes argumentos, o que seria muito difícil, mas tentando fazer esse exercício mental, não entendo como é que se pode ser contra a despenalização. Porque, mesmo que não concordasse com o aborto e o considerasse um acto contra a vida, acho que não seria capaz de fechar os olhos à realidade de milhares de abortos clandestinos, praticados em péssimas condições, que muitas vezes têm como infeliz desfecho a morte de tantas mulheres. O que me confrange mais nas pessoas que são contra a despenalização é a sua hipocrisia e a forma como conseguem ignorar esta realidade. Porque o aborto é uma realidade que mata milhares de mulheres. Mesmo que não concordemos com ele, não o conseguimos impedir. Penalizá-lo é apenas condenar as mulheres a praticá-lo em condições não humanas. Como é que se pode defender a vida de um embrião e fechar os olhos a tantas mortes de vidas de milhares de mulheres?

sexta-feira, novembro 17

Mães sinceras

Mas quem é que disse que era tudo cor de rosa? Quem é que ainda acredita no Pai Natal? Quem é que disse que íamos ser felizes para sempre? Quem é que disse que era tudo um mar de rosas? Quem é que disse que a vida é uma vitória diária? Que somos super-mulheres, e conjugamos na perfeição a família com a carreira, e mais a casa e o raio das tarefas domésticas que nem robots de última geração? E quem é que acha que a imagem da Mulher Ideal é aquela que tem uma carreira brilhante, uma casa impecável, um marido trabalhador e um rebanho de filhos adoráveis e prestáveis?

Mas afinal a vida é um filme ou é o quê?

Não, minhas amigas, até podem ser sempre sinceras mas acho que vai para aí uma grande confusão. A maternidade só é um sonho idílico antes de o ser, ou seja, até ao momento em que nos nasce o primeiro filho. Todas as mães de carne e osso já sabem, há muito tempo, que ser mãe também é uma chatice e que os filhos são insuportáveis e detestáveis tão depressa quanto são adoráveis e amáveis (se calhar até mais vezes), que as putas das noites sem dormir nos arrasam a saúde, a paciência e a juventude, que o nascimento do primeiro filho nos põe a cabeça de pernas para o ar, que estar em casa sozinha a cuidar de uma criança nos deixa à beira da inanição social, que os programas infantis vistos e ouvidos a toda a hora nos chocalham os poucos neurónios que ainda temos sãos. Todas as mães já sabem isto há muito tempo, e se vocês ainda não tinham ouvido tais coisas, é porque têm andado distraídas.

Por outro lado, dizer que "a fórmula ambiciosa de maternidade que a maioria de nós gostaria de exercer é virtualmente incompatível com qualquer forma de trabalho, de vida social - e de vida, como um todo" só é verdade se a dita fórmula for completamente irrealista, perfeccionista e aberrante. Claro que todas as mães têm a mania da perfeição, mas ajustar as expectativas demasiado grandiosas à realidade é um exercício que nos faz crescer. Aceitar os nossos limites e trazer a nossa humanidade para a maternidade é, isso sim, o sinal de que a vida é aquilo que fazemos com ela, o resultado das nossas opções conscientes e coerentes connosco próprios. Ter filhos não pode nunca, quanto a mim, ser considerado algo incompatível com a vida, seja lá porque motivo for.

"Elevamos a criação de filhos a um grau de dificuldade sem precedentes. Até os anos 50, mães não sentiam culpa em deixar o bebê chorar. Iam cuidar da casa, e o bebê que parasse de chorar sozinho. Hoje, isso é inaceitável. As crianças mandam, e isso dificulta tudo." Será que as crianças mandam? Decerto haverá casos que sim. A educação é uma tarefa difícil e uma das maiores dificuldades da nossa época é precisamente a imposição de limites e o exercício da autoridade parental. Se as crianças mandam, é porque os pais deixam. Os pais não se podem demitir da sua tarefa educativa. Muito daquilo que as crianças são e fazem é o reflexo dessa mesma tarefa educativa. E vamos parar com essa treta da culpa! Todos os pais sentem culpa, ao longo da educação dos filhos, e ainda bem! É sinal de que são humanos e de que erram e de que têm noção disso! Ou então é sinal de que têm expectativas demasiado irrealistas, o que aí sim, pode ser um problema. Mas a culpa não faz mal a ninguém, até pode ajudar a desenvolver alguma humildade. Deixar-se dominar por sentimentos de culpa desadequados, de forma a que isso nos impeça de errar saudavelmente, é que não é bom.

Às vezes parece que nos esquecemos que também já fomos filhos, ou melhor, que ainda somos filhos. A relação com os pais durante a infância é um dos pilares mais importantes da pessoa humana. Todos sabemos isso, hoje em dia. Sabemos também que a relação mãe-bebé é de extrema importância para o desenvolvimento da personalidade, e que os primeiros anos de vida, principalmente os primeiros meses, são periodos de desenvolvimento crucial, onde ocorrem etapas importantíssimas que não se repetirão jamais. Sabemos hoje tudo isto, mas nem sempre soubémos. O conhecimento nesta área tem tido um progresso extraordinário. No passado, antes da Revolução Industrial, as mães não criava os seus filhos. As crianças eram entregues a amas de leite e algumas abandonadas em conventos para serem criados por freiras. O panorama hoje é radicalmente diferente, e ainda bem, digo eu, e acho que vocês também. Ainda bem que o conhecimento nesta área é hoje tão vasto. Ainda bem que estamos cada vez mais cientes das necessidades das crianças, bebés e recém-nascidos. Afinal, vivemos numa época em que gritar pelos Direitos das Crianças e insurgir-se contra abusos e maus tratos são palavras de ordem, mas facilmente esquecemos que esses direitos começam nas nossas famílias, nas nossas vidinhas, no nosso dia-a-dia.

Somos todas humanas (as mães), não somos super-mulheres, erramos, tropeçamos, gritamos, sufocamos, às vezes parece que não aguentamos. Isso faz parte da vida de todos nós, mães e não mães, pais e não pais. Mas os nossos erros não podem servir de desculpa para que a negligência parental fique impune e seja socialmente aceite como mais uma faceta desta nossa suposta humanidade. Erramos, sim, mas os erros só são úteis quando nos fazem aprender alguma coisa, que é o mesmo que dizer que estamos conscientes de que errámos. A esta consciência segue-se a culpa. A culpa não é nossa inimiga, não senhor. A culpa faz-nos ser seres humanos mais responsáveis. Porque o somos, e é bom que não o esqueçamos. Responsáveis pelo bem estar dos nossos filhos.

quarta-feira, outubro 25

Temos uma nova colaboradora

É a Mãe a Dobrar, e de certeza que vai trazer uma nova dinâmica para as Conversas!

Vamos dar-lhe as Boas Vindas?

sábado, outubro 21

E estas crianças... ?


Não é fácil abrir um sorriso a uma criança que vive num mundo à parte.

Chama-se Joana, tem 6 anos e todas as manhãs desce à sala de fisioterapia para os exercícios matinais. É uma rotina. E a Joana conhece bem as suas rotinas. Vive numa ala pediátrica de um hospital que a acolheu na noite em que sofreu um acidente de viação. Foi abandonada pelos pais uns dias depois dos médicos lhe diagnosticarem uma incapacidade permanente.

Vive no hospital que a acolheu após o acidente. Os corredores e as salas a que tem acesso são o seu mundo branco. E vai continuar a viver nesse mundo até que lhe seja dada alta da fisioterapia. O destino da Joana está decidido. Irá para uma instituição como tantas outras crianças.

Sabiam que os hospitais são o sitio ELEITO para o abandono de crianças? Não sabiam? Têm ideia da quantidade de crianças que crescem dentro de um hospital? Precisando de cuidados médicos, acabam por ficar um dia após outro.

Sabiam que um sorriso arrancado de uma criança destas é um acto quase impossível? Eu não disse impossível, disse quase impossível.

A proposta que vos deixo é que tirem uma manhã, um fim de semana, peguem em brinquedos dos vossos filhos, roupas que tantas vezes guardamos e já não lhes servem e passem no hospital, nos orfanatos, nas igrejas das vossas áreas de residência. No caminho comprem lápis de cor, canetas de filtro (há a montes nas casas dos 300).

Acreditem. Não é impossível arrancar um sorriso a uma criança destas. Há sorrisos que não se conseguem descrever em palavras. E olhem que o sorriso da Joana existe.

Vamos abrir sorrisos?
PASSAR DAS PALAVRAS AOS ACTOS ?

- «São meninos tristes, porque não têm o pai e a mãe ao pé deles... » Bruna, 5 anos.

Escrito por Alex, publicado no Grau Zero.
Obrigada pela preciosa contribuição!

Este texto surgiu no contexto de uma corrente iniciada na blogosfera, sobre as crianças que vivem maus tratos, que são abandonadas, que sofrem horrores, que são agredidas e violentadas todos os dias mesmo debaixo do nosso nariz.
É um tema forte, difícil de abordar, que nos toca profundamente e que mexe com os nossos medos e as nossas expectativas sociais. Um tema que tantas vezes esquecemos, mas que nos incomoda e impressiona quando nos entra pela porta dentro, geralmente pela televisão, ou pelos jornais ou revistas, ou na boca de alguma conversa. E se a sugestão é passar das palavras aos actos, vamos tentar que estas palavras (as aqui trocadas) acabem por semear algo dentro de nós, que motive os actos e as acções.

sábado, outubro 7

Informação a mais?


Li na Pais & Filhos deste mês um artigo sobre o "pediatra mais famoso de Nova York" do momento, Michel Cohen, cujo lema é «laisser faire», o que, por outras palavras pode ser resumido assim: "Pais, confiem mais nos vossos instintos e não leiam tantos livros!"

Este pediatra contesta a actual prática da intervenção médica: segundo ele, há medicação e intervenção a mais. Vivemos na era da informação, cada vez a ciência avança mais e novas descobertas acerca dos bebés e dos recém nascidos invadem a mente de pais e não-pais. Não querendo contestar a importância da investigação científica, fica a questão: será que o acesso a tanta informação não pode ser mais prejudicial do que se imagina?
Na opinião deste jovem médico, todos os pais têm a capacidade de cuidar do seu filho. É, por vezes, a preocupação e o excesso de informação que acabam por fazer com que percam essa capacidade intuitiva. Por isso aconselha os pais a não pensarem muito no assunto, e a não lerem livros acerca do desenvolvimento das crianças, mas sim a guiarem-se mais pelo seu instinto. O objectivo do seu livro, "The New Basics: A-to-Z Baby & Child Care For The Modern Parent" é acima de tudo tranquilizar e retirar a ansiedade aos pais, para que estes possam exercer a sua parentalidade sem precisar de recorrer a livros.
Já alguém tinha aqui deixado a sugestão de conversarmos sobre este tema, o da informação e dos eventuais "perigos" de um excesso de informação, e parece-me uma boa altura para o fazer. Porque, de facto, concordo em absoluto com este pediatra. Penso que hoje em dia os pais têm informação a mais, e muitas vezes esse excesso pode comprometer a sua capacidade de exercer a parentalidade com tranquilidade e segurança.
Mas atenção: não é a existência de informação que provoca este problema. A questão deve ser posta ao contrário: é a insegurança extrema dos pais e dos futuros pais que os faz cair nesta procura angustiada de informação, que por sua vez cria as condições propícias para que a informação se torne disponível e acessível. Se os livros para pais sobre o desenvolvimento infantil fazem tanto sucesso, é porque há muitos pais a lê-los e a comprá-los. A pergunta que devemos fazer é: porque é que estão os pais tão inseguros do seu papel, de tal forma que precisam de consumir informação em excesso?
A informação tem um papel muito importante. Tudo depende da forma como é usada. No último século fizeram-se descobertas importantíssimas sobre os bebés e a sua relação com o mundo. Nunca houve antes na nossa história uma aceleração tão grande em relação ao acumular de conhecimentos nas áreas da infância e mesmo da vida intra-uterina. Hoje em dia dispomos de uma gama de informação nova nesta área, incomparável com o conhecimento de outras épocas.
Dizer que a existência deste progresso no conhecimento não é positivo é um sinal de estupidez, quanto a mim. Mas a questão não é esta, e nem é isso que o Dr. Michel Cohen diz. A questão é, antes de mais, de que maneira é que essa informação vai chegar aos pais, como é que estes a vão utilizar, o que é que vão fazer com ela, que papel é que ela vai desempenhar na sua vida e na relação com o seu bebé.
Eu, por exemplo, gosto de ler livros sobre desenvolvimento infantil, porque me interesso bastante pelo assunto. E mentiria se dissesse que certas leituras não me ajudaram a esclarecer certo e determinado ponto, na minha experiência da maternidade. Muitas vezes os livros ajudaram-me, sim! E de outras vezes, também li coisas com que não concordei e que rejeitei, e não adaptei à minha experiência. Mas isto é como em tudo na vida: a nossa experiência vai-se alargando e enriquecendo com o contacto com outras opiniões, teorias, práticas... é como as conversas que temos com outras pessoas, outros pais e outras mães: há coisas que nos iluminam, há outras que não lançam raíz e que entram por um ouvido e saem por outro.
Eu não acho que o problema esteja em ler livros, mas antes na maneira como se os lê. É a tal insegurança de que falava há pouco. Porque se um pai ou uma mãe deposita no livro a esperança de, através dele, aprender a ser pai ou mãe, é melhor que nem o abra. Se por outro lado, apenas está interessado em auscultar pontos de vista sobre determinado assunto, recolher alguma informação nova, filtrando-a com a sua experiência, então talvez essa informação venha a revelar-se útil.
O problema da nossa era é que as pessoas acreditam cada vez menos em si próprias e nas suas capacidades. E isto acontece muito mais nas pessoas com uma grau de escolaridade elevado, que são precisamente as mesmas que procuram nos livros as respostas para as suas dúvidas e angústias. Aquilo que vem nos livros são apenas teorias, e teorias não dão resposta a nada, apenas lançam mais perguntas. As respostas vêm da vida e da prática, da aprendizagem que sempre se processa por tentativa e erro.
É por isso que acho a mensagem deste pediatra tão pertinente: porque, de facto, vivemos numa época de excesso de procura de informação, de excesso de racionalização. As pessoas têm uma dificuldade extrema em lidar com as emoções, e a tentativa de racionalizar que se procura nos livros e nas teorias é sinal disso mesmo. Nós não somos pais com a cabeça mas com o coração. Como em tanta coisa na vida, a racionalização excessiva atrapalha aquilo que o coração já sabe de cor, há muitos séculos.
É preciso parar com este excesso, sim; parar e olhar para dentro. É dentro de nós que devemos procurar as respostas para as nossas angústias. Não há livro nenhum no mundo que nos ensine como amar e cuidar do nosso filho. O melhor professor nessa matéria vai ser ele mesmo, o nosso bebé. Mas para aprendermos a lição precisamos de estar abertos e em sintonia com ele, para apreendermos o significado das suas mensagens e da sua linguagem. Parece complicado, mas no fundo é muito simples, porque a linguagem que o nosso bebé "fala" é a mesma que nós um dia também já "falámos", há muito tempo, quando éramos bebés como ele. Basta reencontrá-la, dentro de nós, porque ela está lá; esquecida, mas está lá. E nesta viagem, não são as palavras que nos guiam, mas os sentidos. E quanto mais "ruído" de palavras houver à nossa volta, menos despertos estaremos para reencontrar esta linguagem primordial.

quinta-feira, setembro 28

Sobre o parto


Li este livro e fiquei fascinada. De tal maneira que tenho de o partilhar convosco. Não vou encerrar o tema anterior, penso que há espaço para irmos falando de tudo.

Michel Odent traça-nos o percurso histórico de uma técnica cirúrgica que, graças à sua evolução, se tornou numa das formas mais usuais de nascer, no nosso século. É claro que está a falar da cesariana. Segundo ele, estamos neste momento na era das cesarianas, e das cesarianas programadas. Esta mudança revolucionária na forma do nascimento foi possível graças à segurança que hoje em dia a técnica oferece. De facto, somos confrontados com imensos estudos levados a cabo nos últimos anos, que comparam resultados entre os nascimentos por cesariana e por via vaginal, e os resultados são inconclusivos. O que quer dizer que, hoje em dia, e com as técnicas sofisticadas que existem, é impossível garantir que o parto por via vaginal ofereça menos riscos que o parto por cesariana.

Como é que este cenário se tornou possível? Para o autor não há dúvidas nenhumas que estes acontecimentos reflectem o desconhecimento e a ignorância dos técnicos de saúde em relação às verdadeiras necessidades de uma mulher em trabalho de parto. E é o desconhecimento e o não reconhecimento dessas necessidades que aumentam os factores de risco no parto por via vaginal. Esses riscos estão relacionados com o uso de fórceps ou ventosa, consequências para o períneo da prática da episiotomia, e dificuldades na dilatação ou mesmo incapacidade para fazer a diltação, com decorrente hipótese de sofrimento fetal.

Todas as mulheres, como fêmeas da família dos mamíferos, têm a capacidade de dar à luz por si mesmas, e se não houver interferências desnecessárias. Todas as fêmeas dos mamíferos o fazem. O que nos distingue em termos cerebrais, dos outros mamíferos, é a existência do neocortex, aquela parte do cérebro que nos permite pensar, e que sofreu um desenvolvimento extraordinário ao longo da evolução da espécie humana.

Durante o trabalho de parto, a parte mais primitiva do cérebro, composta pelo hipotálamo e pela glândula pituitária, segrega uma série de hormonas necessárias ao processo. Em todas as espécies de mamíferos é assim. A principal hormona envolvida no trabalho de parto é a ocitocina, a hormona do amor, segundo o autor. Esta hormona tem um papel activo na contracção do músculo uterino e no desencadeamento do trabalho de parto, bem como no reflexo de expulsão do fecto, um fenómeno normalmente observável no decorrer do trabalho de parto quando este não sofre interferências intrusivas desnecessárias.

O que se passa com a espécie humana é que a outra parte do cérebro, o neocórtex, aquela parte que, precisamente, nos distingue nos outros mamíferos e nos permite pensar e reflectir de forma única, acaba por interferir neste processo que, de outra forma, ocorreria naturalmente. O que se passa nas práticas dos nossos hospitais de há uns anos a esta parte é precisamente a sobrestimulação do neocórtex. Aliás, esta sobrestimulação vai acontecendo al longo da gravidez de uma forma que se revela mais nefasta do que positiva. Como? Vejamos: a falta de privacidade e o sentir-se observada, a presença de luz forte, a presença de um aparelho de monitorização do batimento cardíaco e da progressão do trabalho de parto, ouvir alguém falar, até a simples presença de um homem!

As necessidades básicas e fisiológicas de uma mulher em trabalho de parto podem, assim, resumir-se a uma frase: "não estimular o neocórtex". Falar com alguém é uma das maneiras de estimular esta parte do cérebro, por isso a mulher em trabalho de parto não precisa de palavras. Precisa essencialmente de se sentir segura, protegida e sentir a companhia de alguém que assuma essa função de protecção (uma figura maternal). Precisa de privacidade e de respeito por essa necessidade fundamental. O sentir-se observada e julgada suscitam ansiedade e estimulam a produção de hormonas da família da adrenalina, que atrasa o trabalho de parto. Precisa de estar num ambiente calmo, tranquilo, com muito pouca estimulação visual e auditiva. Se estas necessidades forem reconhecidas e respeitadas, uma mulher tem capacidade fisiológica para dar à luz sem interferência.

Mas e perguntamos nós: então e o saber que o bebé está bem? Não é essencial? Durante o parto essa é uma das preocupações de todas as mães. No entanto, e segundo este autor, essa necessidade de saber que o bebé está bem já faz parte do clima ansiogénico que se gera à volta do parto e do nascimento. Estamos ansiosas porque o próprio acompanhamento durante a gravidez é um constante bombardear de informação que gera ansiedade. Fazemos baterias de testes umas atrás das outras para saber se está tudo bem. Fazemos exames cada vez mais sofisticados para espreitar o bebé no útero e assegurarmo-nos de que tudo está bem. Isto, ao contrário do que seria de esperar, não nos retira a ansiedade, mas alimenta-a.

Durante muitos séculos, em muitas culturas humanas, os rituais relacionados com o nascimento interferiram de uma forma intrusiva na intimidade da mãe e do bebé recém-nascido, no sentido de separar o bebé da mãe nos momentos após o nascimento. Apesar de já existirem muitos estudos e evidências científicas da importância do contacto precoce entre a mãe e o bebé nestes momentos, é ainda prática corrente na maioria dos hospitais esta separação, invocando para tal toda a espécie de explicações e justificações médico-científicas. Michel Odent relaciona estas práticas com o facto de, para as sociedades de então, ser importante criar indivíduos mais agressivos para assegurar a continuidade da espécie (isto em termos evolutivos). Esta terá sido a realidade de séculos e séculos de história da humanidade, desde os seus primórdios.

A questão que se levanta é: será que isto faz sentido na atualidade? Afinal que sociedade queremos criar? Queremos continuar a ter sociedades guerreiras? Os valores que as sociedades actuais querem incutir nos seus indivíduos são completamente inovadores em relação aos valores do passado: hoje em dia há uma preocupação generalizada com o afecto, com a tolerância, com a paz, com o civismo, com a partilha, com a solidariedade, com a cooperação, com práticas anti-discriminatórias, isto só para dar alguns exemplos. O que as sociedades têm que entender é, acima de tudo, que, mantendo os rituais de nascimento existentes, dificilmente estes valores vingarão.

O aumento da taxa de cesarianas e de cesarianas programadas também traz consequências muito importantes a nível social. Especialmente no segundo caso, em que a mulher não entra em trabalho de parto. Quando o trabalho de parto é espontâneo, dá-se a libertação do cocktail hormonal indispensável para que este decorra naturalmente. Ao contrário, quando a cesariana é programada, a produção hormonal fica comprometida. O que se passa é que os processos de nascimento actuais interferem cada vez mais com esta produção hormonal que se desencadeia durante o trabalho de parto, e isto traz consequências a nível da vinculação e futura relação mãe-bebé, bem como do sucesso da amamentação. É altura de parar e perguntar: que seres humanos queremos criar? É altura de pensar em termos de futuro, a longo-prazo, capacidade que a nossa espécie não domina de forma nenhuma.

Podia estar para aqui a escrever sem parar sobre o livro, pois levanta tantas questões novas e encaradas de uma perspectiva ambiciosa e inovadora, que torna inesgotável qualquer comentário. Recomendo vivamente a sua leitura. E, depois de o ler, não mais olho para os meus partos com os mesmos olhos com que olhava antes. Compreendo agora porque é que, quando o David nasceu, fechava os olhos de forma persistente (e a enfermeira sempre a dizer-me que não se tinha um filho de olhos fechados!). Compreendo porque é que me incomodava que falassem comigo. Compreendo porque foram as mãos do meu marido a acariciarem-me a testa e os cabelos tão importantes. Comprrendo porque é que, apesar de terem sido os dias mais felizes da minha vida, não foram nem de perto nem de longe como eu queria que tivessem sido. E quero compreender mais!

Testemunhos

Temos um novo testemunho sobre amamentação, lá mais em baixo.
Quero aproveitar para agradecer o apoio às pessoas que o têm feito. Este blogue também é vosso, sem este precioso contributo não cumpriria com o seu objectivo.

terça-feira, setembro 26

Ser capaz de soltar as emoções negativas

Essencialmente, ao escondermos dos outros, especialmente dos que de nós estão dependentes, esse lado negativo, estamos a passar-lhes a mensagem errada de que o que é mau não é para ser falado, expulso, trazido cá para fora. Estamos a dizer-lhes que os momentos de tristeza, as alturas em que nos devemos e podemos zangar, os instantes de raiva têm de ser contidos num colete de forças. Sabemos todos que os bebés e as crianças aprendem muito por imitação, pelo exemplo, pelo que vêem, ouvem e sentem dos que com eles passam a maior parte do tempo, começando pela mãe e pelo pai, continuando na escola e no resto da família. Não se trata de desatar aos berros por tudo e por nada, não se trata de fazer má cara a todo o momento, trata-se de saber criar um espaço em que as emoções negativas podem e devem ser faladas, aprendidas. Uma mãe que nunca se zanga, que nunca chora, que nunca se entristece, um pai que não se zanga, não ralha, não repreende, não explica, sobretudo, o que é que está mal, o porquê das coisas, está a formar uma criança que vai provavelmente ter dificuldades em expressar sentimentos negativos. Vai contê-los, esmagá-los sem nunca os fazer sair, sem nunca os libertar, sem dar azo a que a energia de um sentimento mau seja libertada, esvaziada.

Os fins de tarde são, normalmente, horas de grande desgaste. E este desgaste faz-se sentir por parte de quem cuida mas também por parte de quem recebe os cuidados. Os bebés choram, gritam, as crianças fazem birras, testam ainda mais a paciência dos adultos, parecem tornar-se deliberadamente desobedientes quando na realidade estão a reciclar a energia que neles se acumulou ao longo do dia: a energia negativa. A mesma que nós, crescidos, engolimos a cada momento em que as coisas não se processam como desejaríamos, seja em relação a que assunto for, mesmo quando aparentemente nem sequer parece ser importante. A tudo isto junte-se a chegada a casa, preparar jantares, banhos, roupas, trabalhos de casa, enfim, um sem-número de tarefas que precisam ser cumpridas e temos uma mistura de pólvora e dinamite frequentemente pronta a disparar por todo o lado.

Saber controlar o que se sente significa estar consciente das reacções que cada situação provoca em nós mesmos, significa ser capaz de admitir que estar zangado é tão natural quanto estar contente, significa ser capaz de falar sobre isso, de fazer cara feia se for preciso. Tudo isto, acho, vai-se conseguindo no crescimento e na aprendizagem que abordaste no texto, que não acaba nunca mas que para começar basta um esforço e uma vontade.
escrito por Ana (enviado por mail).
Muito obrigada pela tua colaboração, Ana!

segunda-feira, setembro 25

Nem tudo são rosas!

Ora vamos lá então iniciar um novo tema de discussão: o lado mau (ou menos bom) da maternidade. Sim, porque isto de ser mãe, ou pai, como podem confirmar todos os protagonistas, não são só rosas!
Sempre que um novo bebé nasce, há outro que morre: o bebé imaginado. Este bebé vive na imaginação dos pais muito antes mesmo da gravidez acontecer, talvez a partir do momento em que se deseja um filho. O bebé imaginado vive na fantasia, no sonho dos pais. É um bebé idealizado. Durante a gravidez, esta idealização atinge o seu pico, e vai sendo desenhada através, também, do contacto com a realidade adivinhada: os movimentos na barriga, os pontapés, os soluços, as danças, enfim, toda a relação que se estabelece com o bebé no útero.
Não quer isto dizer que, antes do bebé nascer, os pais achem que vai correr tudo às mil maravilhas. É evidente que a maioria dos pais sabe que não é assim, e muitas vezes até se antecipam medos, receios, ansiedades, momentos de dúvida, de stress, de cansaço e mesmo de descontrolo. O que se passa é que, antes do bebé nascer, toda a realidade à volta da sua vinda e da vida que se terá depois do nascimento é imaginada. A diferença está entre viver as coisas e imaginá-las. Esta vivência na fantasia é muito importante, vai estruturar uma teia de laços afectivos entre os pais e aquele bebé, vai preparar os pais para o seu novo papel. Quando o bebé não é sonhado nem idealizado pelos pais alguma coisa se passa, e isso trará sem dúvida repercussões futuras no desenvolvimento e estabelecimento da relação afectiva entre os pais e o bebé.
Quando o bebé nasce, os pais são enfim confrontados com o bebé real. O bebé imaginário vai ter de se moldar, digamos assim, às características reais do bebé que nasceu. Este confronto nem sempre é pacífico, podendo tornar-se, por vezes, um processo difícil ou mesmo doloroso.
Todos os pais concordarão que aquilo que torna a maternidade e a paternidade uma experiência única, boa, maravilhosa é um conjunto vasto de experiências emocionais, tanto positivas como negativas. E, contrariamente ao que se possa pensar, as negativas não são em menor número nem menos intensas que as positivas. Então o que é que faz com que o ser pai e mãe seja, para a maioria das pessoas, uma experiência tão rica e tão gratificante? Precisamente, diria eu, esta capacidade de lidar com ambos os lados, o bom e o mau. E a consciência de que os erros, os momentos menos bons, aqueles que gostaríamos de apagar com uma borracha da nossa memória, são momentos importantíssmos de aprendizagem e de crescimento. Ser pai e mãe é uma aprendizagem constante. E não se aprende sem errar. E se, na matemática ou no português, o erro apenas nos dá uma má nota ou um risco a vermelho num exame, na vida o erro traz sofrimento. Às vezes muito sofrimento. Mas o sofrimento é uma experiência importante, assim como aprendermos a lidar com o nosso lado depressivo, triste, ansioso, dramático. Tudo isso faz parte de nós e ensina-nos a crescer. Ser pai ou mãe é, acima de tudo, um lento processo de crescimento. Que nos muda por dentro, que nos traz alegrias e tristezas, que nos amadurece. Não há nenhum pai ou mãe que olhe para trás e que seja igual ao que era antes dos filhos nascerem. Não acredito que haja.
Ser pai e mãe revela-nos e traz ao de cima aquilo que somos. De melhor e de pior. Aquilo que vivemos com os nossos filhos acorda muitas experiências passadas da nossa infância. E pode ser uma oportunidade de vivenciar e equilibrar conflitos passados. Ou não. Tudo depende da nossa capacidade de o fazer.
Ser mãe e ser pai abana a nossa estrutura. Exige-nos um esforço de adaptação emocional constante. Uma alteração de papéis e de expectativas radical. Uma disponibilidade para dar sem reservas. Para dar e para empatizar. As necessidades do nosso filho passam a ser as nossas prioridades principais. Necessidades de amor, de conforto, de contacto, de protecção, de alimento, no sentido físico e emocional. E isto independentemente das nossas próprias necessidades estarem satisfeitas ou não! Ser pai e mãe exige uma reformulação total das nossas prioridades emocionais, da nossa gestão afectiva. Deixamos de ser nós, apenas. Passamos a ser responsáveis por alguém que é completamente dependente, a todos os níveis, de nós. E isto pode trazer muita desorientação a alguém que encare este excesso de dependência de uma forma negativa.
É claro que medo, todos temos. Quem é que não teve receio de não ser capaz, de não aguentar, de que a exigência fosse demasiada? Quem é que não se lembra disso? Das noites de cansaço extremo, quando temos de acordar às vezes de hora a hora e ainda estar disponíveis para dar de mamar? Ou quando eles choram, choram, e não se calam, e andamos a dormir mal e parece que já não aguentamos, às vezes só nos dá vontade de, num acto de loucura, os atirar pela janela? Ou de lhes enfiar um calmente pela boca abaixo? Ou de lhes dar um safanão a ver se se calam? Quem é que nunca viveu momentos de desespero? Ninguém, acho. E não há que ter medo de dizer estas coisas horríveis, porque elas passam-nos pela cabeça, claro que passam. Não há que ter medo dos pensamentos. Os pensamentos não magoam ninguém. Os actos, sim. Mas a passagem ao acto é mais frequente naquelas pessoas que, precisamente, não têm tanta capacidade de pensar e de mentalizar.
O confronto com os sentimentos negativos é muito importante para nós, embora quase toda a gente (e eu também, como é evidente) se escuse de fazê-lo e o evite. É natural tentarmos evitar situações desagradáveis! Mas sem conflito não se cresce. É o mesmo que se passa com aqueles pais que evitam zangar-se. As crianças testam os limites a toda a hora, e o seu crescimento e desenvolvimento da autonomia levam-nas a ter necessidade de se opôr à nossa vontade. Não há como evitar o conflito! E quando estamos zangados, temos de fazer voz grossa e mostrar uma cara zangada, sim! Até porque se nos zangarmos mesmo é isso que fazemos! Ninguém se zanga com falinhas mansas nem com sorrisos.
Acho que esta é uma dificuldade bastante generalizada nas novas gerações de pais: ninguém quer fazer o papel da bruxa má, da madrasta detestável. Não queremos ser ríspidos e demasiado severos como o eram as gerações de pais do passado, não queremos talvez repetir o que vivemos na nossa infância. Não queremos que os nossos filhos nos olhem como uns tiranos. Mas isso é inevitável, claro que eles nos olham como uns tiranos, e até pior, quando nos zangamos com eles! O poder que nós temos para eles é tão imenso, tão inimaginável (mas se fizermos um esforço de memória conseguimos ter uma ideia...) que eles ficam aterrados! Vejam se me entendem: nós somos monstros ao pé deles, já repararam? Somos enormes, comparados com o tamanho deles. Tudo o que façamos, desde um sorriso, a uma gargalhada, a uma cara zangada, a um grito, vai ser gigante para eles. O que eles ouvem e o que eles vêem não é o que nós vemos, se nos víssemos ao espelho. O que eles vêem é uma montanha imensa, que eles adoram acima de tudo, que os abraça e envolve de calor, mas que vira um vulcão terrível a lançar lava quando se zanga, e um dragão de duas cabeças a lançar chispas pelos olhos quando os assusta. Não há nada a fazer, é assim. E às vezes temos de ser terríveis, sim, temos de gritar e deitar fogo pela boca. Para depois os abraçar e envolvê-los na certeza de que o nosso amor por eles é forte como uma rocha, mesmo quando nos saem aquelas baforadas pela boca. Aliás, o que de melhor podemos fazer por eles é ensiná-los a desembainhar a espada e vencer o terrível dragão, como o valente príncipe das histórias de encantar. E plantar neles uma mão-cheia daqueles beijos especiais, capazes de despertar sonos de 100 anos.

A conversa sobre Amamentação

continua para quem estiver interessado (a).
A publicação de textos ainda está aberta. Tenho andado a pesquisar, mas não tenho encontrado nada que valha a pena publicar. Comprei uns livros do Michel Odent que devem chegar para a semana, talvez nessa altura publique algum texto sobre o tema.
Se tiverem textos para enviar-me, podem fazê-lo ainda.
Se quiserem dar o vosso testemunho, de uma forma mais elaborada do que um simples comentário, podem mandar por mail que eu publico também. Esta hipótese está disponível para qualquer tema.
Fico à espera dessas contribuições.

Amamentação: a minha experiência

Eu nunca tive dúvidas que ia amamentar o meu filho mais velho. Li umas (poucas) coisas sobre o assunto e lembro-me que estava muito distraída na sessão sobre amamentação no curso de preparação para o parto que fiz. Sempre achei que não eram precisas demasiadas técnicas para o fazer. Que a minha intuição e a vontade dele bastavam.

(Esta é uma faceta minha. Acho sempre que existem demasiadas técnicas, ferramentas e publicações sobre assuntos que deveriam ser naturais e tratados com bom-senso. Mas este é outro assunto que aproveito para propor que seja discutido aqui.)

E foi mesmo assim ao princípio. Quando o Henrique nasceu não mamou logo. Estava um pouco mal-disposto, segundo a enfermeira que o levou para lavar. Quando o trouxe, já lavadinho e penteado, ajudou-me no primeiro movimento e lá estava ele a mamar. Como eu sempre pensei, não custou nada e assim foi durante o primeiro mês. Ele mamava quando queria, como queria e era sempre muito despachado. Nunca tive dores, excepto no dia da subida do leite em que não me reconheci ao espelho. Até que comecei a sentir que o peito já não recuperava como antigamente, ele começou a chorar no fim das mamadas e passados alguns dias tinha perdido peso. Desesperei, pensar que o meu filho estava a passar fome era ainda mais insuportável do que pensar que tinha falhado na minha obrigação principal: alimentá-lo. Dei-lhe o primeiro biberão e ele nunca mais pegou na mama. Ainda tirei leite à bomba para lhe dar em cada mamada. Foi muito cansativo e passado um mês acabou. Nessa altura fui bombardeada com informação sobre amamentação. Informação que já existia mas que me passava ao lado. Informação que me fazia sentir incompetente e falhada até que desisti de tentar encontrar explicações para o que aconteceu.

Quando engravidei do João já não tinha tantas certezas sobre a amamentação. Sabia que podia falhar ou sofrer alguns percalços pelo caminho e decidi que todos os dias, todas as mamadas eram uma vitória. De cada vez que ele mamava e ficava satisfeito eu sentia que estava tudo a correr bem, mas sem pensar que queria fazê-lo até ele ter 4, 6, 12 ou 24 meses. Saí da maternidade com o peito gretado e com tantas dores que não aguentava a boca dele no mamilo. Usei bicos de silicone sempre que me doía. E ele mamava imenso, nunca fazia intervalos de mais de 3 horas e às vezes eram de 1 hora. E assim foi mamando e aumentando tanto de peso que o médico e enfermeiras me perguntavam sempre se era só mama. Comecei a trabalhar quando ele tinha 4 meses e ele bebia um biberão de leite de lata por dia (o outro era do meu leite que tirava de madrugada). Com 5 meses foi para a escola e começou a comer uma papa pois recusava-se a beber leite lá. Com 6 meses iniciou as sopas e gostou tanto que já só mamava de manhã e à noite. Aos 8 meses deixou-me, naturalmente, como eu sempre quis.

Estou grávida novamente e sei que vou amamentar. Pelo menos uma vez e enquanto correr bem para mim e para ele. Não há mínimos nem máximos.


Escrito por Liliana (enviado por mail).
Muito obrigada, Liliana, e parabéns pela tua persistência.

domingo, setembro 24

quinta-feira, setembro 21

A Arte de Amamentar



(Cliquem na imagem ou no título)

Sabiam que

foi criada a Semana Mundial da Amamentação? Mas já foi... em Agosto deste ano.

Mas deve haver mais para o ano, entre outras acções, penso eu. Era interessante vermos o nome de Portugal nos países envolvidos... era, era...

Fica aqui o link.

quarta-feira, setembro 20

Amamentação


Por sugestão da Sandra, queria propor-vos uma conversa sobre amamentação. Podemos fazer uma Semana da Amamentação. É claro que, se houver interesse, as conversas podem prolongar-se um pouco mais, ou um pouco menos, se virmos que um tema não suscita grande interesse. Mas não me parece que tal aconteça ;)

Se houver textos que achem interessantes sobre o tema podem enviar-mos: papuinlondon@hotmail.co.uk. Publicarei os mais interessantes e os que suscitem melhor a troca de ideias.

Para iniciar

queria partilhar convosco estas duas partes de textos de dois autores, que acho fundamentais. São para ler e reflectir. São verdades simples, ditas por palavras simples, que muitas vezes já pensámos, sentimos ou intuímos, mas que talvez nunca tenhamos formulado em palavras inteligíveis.


"A vida mental do bebé é despertada e animada pelo desejo entusiástico, a paixão dos pais. Se não existir este investimento parental, a mente do bebé não se desenvolve - fica reduzida a uma protomente. O próprio investimento de vida esmorece; é uma sobrevivência apática e abúlica.
Não tendo recebido amor, o indivíduo não vive a experiência fundamental de ser amado. Experiência fundamental e fundadora; sem ela, não há o movimento de expansão a que chamamos mente - a criação contínua. Deveras, ter mente é criar."

António Coimbra de Matos, Depressividade e Depressão Falhada, publicado em Mais Amor Menos Doença, Climepsi Editores, 2003



"O ser humano não pode viver sem confiança. Confiança que ganha pela afectividade recebida. Recém nascidos e bebés que não recebem afecto podem tornar-se apáticos, doentes ou até morrer. Mesmo que a vivência de sentir-se amado - seja de que forma for - se tenha verificado só uma vez, faz parte da natureza da nossa imaginação conseguirmos preencher o vazio que se segue (...)"

Arno Gruen, A Loucura da Normalidade, Assírio & Alvim, 1995

quinta-feira, setembro 14

Precisam-se de tijolos, cimento e boa vontade!

Olá! Este é um espaço em experimentação. O objectivo é ser um espaço de debate e troca de ideias sobre diversas áreas do desenvolvimento infantil. Mas não pretendemos que seja uma coisa muito teórica, a tónica será a experiência dos pais e a sua partilha, com o enriquecimento daí resultante. É um espaço aberto a todos os que queiram participar e contribuir. Ainda está tudo a ser construído! Aceitam-se opiniões, sugestões, tudo o que puder contribuir para o seu enriquecimento. Será essencialmente um espaço de comunicação, na minha ideia. Vão existir outros colaboradores para além de mim, também. E pronto! Digam de vossa justiça. Deixem as vossas ideias. Obrigado!
E já agora divulguem!