segunda-feira, setembro 25

Amamentação: a minha experiência

Eu nunca tive dúvidas que ia amamentar o meu filho mais velho. Li umas (poucas) coisas sobre o assunto e lembro-me que estava muito distraída na sessão sobre amamentação no curso de preparação para o parto que fiz. Sempre achei que não eram precisas demasiadas técnicas para o fazer. Que a minha intuição e a vontade dele bastavam.

(Esta é uma faceta minha. Acho sempre que existem demasiadas técnicas, ferramentas e publicações sobre assuntos que deveriam ser naturais e tratados com bom-senso. Mas este é outro assunto que aproveito para propor que seja discutido aqui.)

E foi mesmo assim ao princípio. Quando o Henrique nasceu não mamou logo. Estava um pouco mal-disposto, segundo a enfermeira que o levou para lavar. Quando o trouxe, já lavadinho e penteado, ajudou-me no primeiro movimento e lá estava ele a mamar. Como eu sempre pensei, não custou nada e assim foi durante o primeiro mês. Ele mamava quando queria, como queria e era sempre muito despachado. Nunca tive dores, excepto no dia da subida do leite em que não me reconheci ao espelho. Até que comecei a sentir que o peito já não recuperava como antigamente, ele começou a chorar no fim das mamadas e passados alguns dias tinha perdido peso. Desesperei, pensar que o meu filho estava a passar fome era ainda mais insuportável do que pensar que tinha falhado na minha obrigação principal: alimentá-lo. Dei-lhe o primeiro biberão e ele nunca mais pegou na mama. Ainda tirei leite à bomba para lhe dar em cada mamada. Foi muito cansativo e passado um mês acabou. Nessa altura fui bombardeada com informação sobre amamentação. Informação que já existia mas que me passava ao lado. Informação que me fazia sentir incompetente e falhada até que desisti de tentar encontrar explicações para o que aconteceu.

Quando engravidei do João já não tinha tantas certezas sobre a amamentação. Sabia que podia falhar ou sofrer alguns percalços pelo caminho e decidi que todos os dias, todas as mamadas eram uma vitória. De cada vez que ele mamava e ficava satisfeito eu sentia que estava tudo a correr bem, mas sem pensar que queria fazê-lo até ele ter 4, 6, 12 ou 24 meses. Saí da maternidade com o peito gretado e com tantas dores que não aguentava a boca dele no mamilo. Usei bicos de silicone sempre que me doía. E ele mamava imenso, nunca fazia intervalos de mais de 3 horas e às vezes eram de 1 hora. E assim foi mamando e aumentando tanto de peso que o médico e enfermeiras me perguntavam sempre se era só mama. Comecei a trabalhar quando ele tinha 4 meses e ele bebia um biberão de leite de lata por dia (o outro era do meu leite que tirava de madrugada). Com 5 meses foi para a escola e começou a comer uma papa pois recusava-se a beber leite lá. Com 6 meses iniciou as sopas e gostou tanto que já só mamava de manhã e à noite. Aos 8 meses deixou-me, naturalmente, como eu sempre quis.

Estou grávida novamente e sei que vou amamentar. Pelo menos uma vez e enquanto correr bem para mim e para ele. Não há mínimos nem máximos.


Escrito por Liliana (enviado por mail).
Muito obrigada, Liliana, e parabéns pela tua persistência.

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